6 de abril de 2015

Sobre a importância do ato de ler

Trechos do texto do professor/educador Jorge Santos, originalmente publicado no blog Plano de Aula - ver post completo.


"Concluindo estas reflexões em torno da importância do ato de ler, que implica sempre percepção crítica, interpretação e 're-escrita' do lido, gostaria de dizer que, depois de hesitar um pouco, resolvi adotar o procedimento que usei no tratamento do tema, em consonância com a minha forma de ser e com o que posso fazer" (Paulo Freire em A importância do ato de ler, p. 24).


Esse livreto de 1982 repousa na minha estante desde o início dos anos de 2000, quando o desejo de ser professor e o curso de história na UnB (entre outras forças) levaram-me a pescá-lo entre o livros do meu pai, que tinham sido também da minha mãe Maria do Rosário Caetano. Autografado pelo próprio Paulo Freire em 1982 para ela com "um rosário de simpatia".
(...) 

Aprendi que ser professor era muito mais mais aprender e ensinar a aprender do que qualquer outra coisa.
Com o tempo (e leituras de Foucault), a vida trouxe meus pés pro chão, mesmo com a mente sempre no infinito (e além). Percebi que o sistema é disciplinador e que quanto mais útil, mas disciplinado você foi. Os termos já vem dados. Mas aprendi que o uso é nosso. Existe uma arte do fazer. E nisso, Foucault e Freire podem sim dar as mãos e protestar.

"O objetivo principal não é descobrir, mas refutar o que somos. (...) Não é libertar o indivíduo do Estado e de suas instituições, mas libertar-nos, nós, do Estado e do tipo de individualização que vai ligada a ele. É preciso promover novas formas de subjetividade..." (Michel Foucault em O Sujeito e O Poder, que li no Jorge Larrosa - Tecnologias do Eu e a Educação, p.86).

Educar com crítica, interpretação e re-escrita do lido deve promover novas formas de subjetividade.
Na minha em prática de sala de aula sempre confronto a leitura dos meus estudantes. Tem que ler. Não tem opção. E todos leem.

E tem que treinar. "Leia tudo que passar na sua frente. Livro, pacote de biscoito, vidro de xampu. Leia tudo, porque ler nunca é demais". Sempre digo isso. No meu plano de aula do 8o ano tem 3 livros: Morte e Vida Severina, A Utopia e Os Sertões. No 9o tem texto acadêmicos: José Murilo de Carvalho, Marcelo Magalhães e até meu, entre outros, além do A Revolução dos Bichos. Lemos em grupo, reescrevemos. Escrevemos o que queremos dizer para também lê-lo. Leitura e produção de textos. Releitura e discussão de textos.

A leitura tem que ser em voz alta. Tem que ser em casa, na rua e na escola. A leitura tem que ser discutida. Problemas tem de ser identificados e soluções podem ser propostas. A vida é discursiva e os discursos são vivos.

Tem que aprender a ler os textos, as imagens, as pessoas, as culturas e os mundos.

O ato de ler, sábio Freire, é fundamental.




*Grifo nosso.

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